domingo, 11 de agosto de 2013

emoção minguante


Falemos da emoção despertada por uma imagem produzida exatamente com o propósito de alterar o estado de espírito do observador. Aqui estamos falando de uma pintura produzida antes das técnicas reprodutoras de imagens. Mas também estamos falando de uma foto de capa de uma grande revista, por exemplo. Não importa. Pensemos numa imagem produzida para ser perpetuada na mente de quem a olhar.
Muito bem, muitas dessas imagens realmente se perpetuaram não só na memória de quem as viu no momento das suas primeiras exposições, em outras épocas, como também continuam despertando a atenção de novas gerações. No caso da fotografia, mais precisamente a foto-reportagem, muitas vezes o observador jovem, que não viveu na época em que a imagem foi registrada e conhece pouco sobre o contexto da foto, tende a se inclinar ao testemunho do que já há registrado sobre ela e assim lhe confere a importância que a história providenciou. Naturalmente o observador jovem não sentirá a mesma emoção que os contemporâneos da reportagem, mas refletirá sobre o significado daquela imagem para os olhos de seus pais, avós, bisavós. No caso da pintura o processo é bem deferente. Se o mesmo observador jovem chegar  a um museu, levando consigo uma bagagem modesta sobre Arte, e se deparar com "Rosa e Azul", de Renoir, por exemplo, verá no retrato a mão do artista coordenando pincéis e tintas sobre a tela; verá Renoir exausto ao tentar conciliar seu trabalho à inquietação das crianças retratadas; verá uma superfície que se impõe como uma força natural, como uma árvore que brota e cresce. E então ele acreditará que tal força venha do tempo de existência da obra, e das técnicas de perpetuação da imagem usada no passado, e da referência histórica em que se colocam a obra e seu autor, e do valor atribuído por historiadores de arte, e do que significa o impressionismo para o  mundo, etc.
O observador se convencerá de que o museu tem uma função importante no trato da imagem pois este lhe possibilitara um contato com emoções inusitadas. Ele registrará sua emoção no museu como inusitada pois, em relação à fotografia, descobriu que seus olhos foram menos afetados emocionalmente quando tentaram decifrar a foto. A fotografia - como já era previsto - determina menos "demanda emocional" porque sua característica reprodutória prevê uma validade menos intensa que a pintura. A própria tensão que se instala entre um observador e uma tela-patrimônio já nos garante uma emoção fora das convenções.
Transportemos agora o olhar do jovem observador das fotos de revista e das telas do museu para seu cotidiano de homem do ano 2013. Sim, seus olhos estão frenéticos com tanta imagem para ver. Não há tempo para respirar. Não há tempo para processar o sentimento que a imagem vista na TV durante o café da manhã registrou porque ao longo do dia a tela do computador mostrou mais outras imagens tão poderosas quanto a que foi vista de manhã. E ao chegar ao fim do dia os olhos do nosso observador já não querem ver mais nada. Nada mais cabe na sua sensibilidade. É preciso se recolher e se defender contra tanta exigência. É preciso dormir, apagar a luz e conhecer o escuro, ao menos por alguns instantes.      
Em que consiste essa fadiga visual?
Creio que a imagem possui uma força tão brutal porque ela agrega razão e emoção no processo de conhecimento, quando ela se propõe a levar o observador ao conhecimento. A razão tem seus atributos lógicos para nos transportar ao conhecimento, mas hoje não dá para ignorar a parcela de participação da emoção nesse processo. E se a imagem agrega razão e emoção no trajeto ao conhecimento... e se entre essas duas a razão é quem dá a palavra final, então a emoção minguará à medida que ela não conseguir conservar o significado de uma imagem para a consciência do observador.    

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

o príncipe, ontem e hoje

Quando li o título "Os números da Jornada Mundial da Juventude", no site d'O GLOBO, pensei que se tratava de um panorama mais extenso. Na verdade são números relativos à mudanças na estrutura da cidade do Rio de Janeiro para receber mais de 3 milhões de peregrinos atraídos pela jornada e pela presença do Papa Francisco.
Eis o link:
http://oglobo.globo.com/rio/os-numeros-da-jornada-mundial-da-juventude-9267373?topico=jornada-mundial-da-juventude

Para este espaço seria mais "divertido" encontrar números que mostrassem, por exemplo, os pontos de audiência das TVs nos instantes das aparições do pontífice, ou o aumento de venda de revistas que tiveram na capa o rosto do Papa, ou ainda estatísticas comparativas de diversos tipos; enfim, números que apontassem a eficiência da Igreja no trato com a imagem do seu novo líder, Papa Francisco, eleito após a renúncia de Bento XVI no início deste ano.